O semestre anterior foi marcado por intensas movimentações no cenário da educação. As três categorias da comunidade acadêmica (estudantes, professores e técnicos) pautaram questões que historicamente eram defendidas pelas entidades que as representam e que, pela falta de acordo e negociação, acabaram acarretando em diversas greves no País.
Na UFPR, ocorreu greve geral, ou seja, as três categorias deflagraram greve, trazendo reivindicações tanto nacionais como locais e, como consequência, algumas conquistas foram garantidas, principalmente para os estudantes e professores. No nosso caso, conseguimos algumas garantias importantes, como o aumento no valor da bolsa permanência, café da manhã nos restaurantes universitários, entre outras.
Nós, que hoje estamos à frente do DCE, tivemos uma postura crítica quanto à forma como foi conduzido o processo anterior de greve, mas ainda assim optamos por construir com os demais estudantes tanto o comando de greve, como as assembleias setoriais e de cursos. Naquele momento, fazíamos a avaliação que, para se dar força à greve, era necessário capilarizar essa discussão entre os estudantes, ou seja, era crucial expandir o debate para os cursos, a fim de conhecer a realidade de cada um, saber suas possíveis pautas, perspectivas e avaliação que faziam do momento. Infelizmente, devido à falta de diálogo prévio com as entidades de base, acabamos deflagrando uma greve sem eixos principais de reivindicação, o que acabou, na visão de alguns estudantes, banalizando essa ferramenta importante que é a greve.
Neste ano, diante desse novo período de mobilização que passamos em nosso país, nós, como DCE, convocamos uma Assembleia Geral, primeiramente, com o intuito de decidir por apoiar a luta e greve dos professores e orientar os estudantes para realizarem assembleias de cursos, a fim de levar para todos os estudantes este momento importante que vivemos no centenário de nossa universidade e, a partir destas assembleias, balizarmos a posição estudantil neste contexto. Também formou-se um comando de mobilização, que ficou responsável de acompanhar esse momento mobilizando os cursos para realizarem os debates.
Mais de 20 cursos realizaram assembleias durante este período, posicionaram-se quanto à greve dos professores, tiraram indicativo de greve estudantil, e alguns até chegaram a deflagrar greve estudantil, além de elencarem várias pautas, tanto específicas, como gerais.
Fruto deste processo, também ocorreu o Congresso dos Estudantes da UFPR, em que tivemos a oportunidade de debater com os diversos estudantes sobre a universidade, o movimento estudantil, a educação brasileira, e questões que permeiam nossa realidade universitária como as opressões de gênero, raça e etnia. Ao final do congresso, que, depois de muito tempo, foi o primeiro a ter quórum pois contou com a presença de mais de 70 delegados eleitos pelos seus respectivos cursos, foram tiradas uma série de deliberações que culminaram, frente ao momento que vivemos, num indicativo de greve estudantil.
Pautado por este indicativo do Congresso, foi realizada a II Assembleia Geral, que definiria o rumo a ser seguido pelos estudantes. Esta assembleia, que contou com a presença de mais de 400 estudantes no pátio da reitoria, deflagrou greve estudantil (a décima quinta universidade do Brasil a deflagrar greve estudantil), baseada em todo o acúmulo que os cursos trouxeram, acúmulo este que resultou em várias pautas que devem ser incorporadas aos eixos de reivindicação estudantil.
Entendemos que é crucial o momento que o movimento estudantil vive a nível nacional e que ele deve contar com intensas mobilizações estudantis. Diversas medidas vêm sendo adotadas na educação, e o novo Plano Nacional de Educação deve ser votado em breve. Para conseguirmos pautar a posição dos estudantes frente a esse cenário, necessitamos trabalhar com organização e em conjunto. Nesse sentido, não só traremos pautas específicas dos estudantes nas reivindicações, como também assumiremos, simultaneamente, um compromisso político com as demais categorias, a fim de pautarmos um projeto para a universidade. É necessário trabalhar junto entre as categorias e a comunidade. Sendo assim, também esperamos o mesmo comprometimento dos professores e técnicos com os estudantes, principalmente em pautas que talvez possam vir a causar algum “descontentamento” a alguns membros dessas categorias, como a Paridade Qualificada, a avaliação dos professores por parte dos estudantes, e demais medidas que são fundamentais para termos mais democracia em nossa universidade. Nossa intenção é somar forças às categorias da UFPR, e trabalhar de forma conjunta para que todas as categorias tenham suas demandas atendidas, uma vez que entendemos que, no fim, quem ganha é a sociedade como um todo.
Compreendemos a preocupação dos estudantes quanto à greve e que, de fato, somos o elo mais fraco da corrente. Entretanto, a forma mais rápida de fazer com que a greve acabe, é somarmos força a ela e pressionarmos, todos juntos, para que nossas reinvindicações sejam atendidas o quanto antes. Greve boa (eficaz) é greve rápida!
Com isso, convocamos a todos e todas estudantes a se juntarem a esse momento histórico que estamos vivenciando na UFPR, participando diretamente da greve, mobilizando seus cursos, fomentando o debate e participando do Comitê de Greve, que é aberto a qualquer estudante e acontece às segundas-feiras e às quintas-feiras, a partir das 19h, no 4° andar do prédio do DCE da UFPR.
Contamos com o seu apoio para que consigamos fortalecer esse movimento e sairmos vitoriosos, lutando por uma educação de qualidade e por uma universidade democrática e popular!
Curitiba, 31 de maio de 2012
DCE-UFPR – 2011/2012
Gestão Nós Vamos Invadir Sua Praia
Gostaria de opinar mas tem dificuldade em participar? Mande o seu recado através do endereço: http://tinyurl.com/greveufpr
Por Valdo José Cavallet em 1 de junho de 2012 às 19:49.
Parabéns pela postura de vocês na construção do movimento. A caminhada, com o tempo de cada etapa, determina a força do movimento. Quanto as questões de posiveis tensões entre pautas específicas “Paridade Qualificada, a avaliação dos professores por parte dos estudantes” apoio integralmente. A UFPR Litoral já fez valer a paridade qualificada na sua última eleição e o Curso de agronomia foi o primeiro a implementar a avaliação do docente pelo discente, em 1991, quando eu fui o coordenador do curso.
Valdo José Cavallet
Diretor da UFPR Litoral
Por Silma Battezzati em 2 de junho de 2012 às 0:44.
A união é fundamental “para que consigamos fortalecer esse movimento e sairmos vitoriosos, lutando por uma educação de qualidade e por uma universidade democrática e popular!”
Por orumok em 17 de junho de 2012 às 12:16.
Todos sabemos que o direito a greve é garantido aos trabalhadores, no entanto, o que muitos não sabem é que deve existir um percentual mínimo de funcionários para a manutenção dos serviços essenciais.
Sendo a Universidade Federal do Paraná uma instituição pública e que presta serviços de grande função social, a reitoria e o comando de greve deveriam determinar quais setores cruzam os braços (os não tão fundamentais assim, por exemplo, as secretarias dos setores) e quais continuam funcionando normalmente, principalmente, os restaurantes e os ambulatórios.
Do jeito que está “organizada” a paralisação o prejuízo causado aos estudantes é tremendamente absurdo, pois muitos dos que não tem condições de pagar por uma refeição e somente através dos RUs podem garanti-la se vêem sem alternativa. O mesmo se passa com aqueles que tem nas Casas o único auxílio médico.
Dessa forma, na visão dos estudantes, a greve é mal vista e não tem o seu apoio. Em breve, deve ocorrer um movimento de repúdio pela maneira injusta e irresponsável que vem sendo conduzida essa greve. O apoio dos estudantes ao movimento de greve tem de ser uma moeda de troca, não pode ser incondicional e irracional como ocorre em outras universidades.
Cabe aos representantes discentes tomar uma decisão em favor dos seus representados. Afinal, até quando durará essa paralisação? Vamos assistir a tudo calados?